Muitas pessoas não entendem muito bem o que é sindesmose. Então saiba que é uma articulação fibrosa localizada entre a tíbia e a fíbula na região do tornozelo, frequentemente negligenciada até que ocorra uma lesão.
Quando danificada, esta estrutura pode causar dor significativa e limitação de movimento, comprometendo a qualidade de vida.
É fundamental que, ao primeiro sinal de desconforto ou inchaço na região do tornozelo, o paciente busque atendimento em uma unidade de ortopedia especializada, onde profissionais capacitados poderão realizar o diagnóstico preciso e estabelecer o tratamento adequado.
A abordagem especializada faz toda diferença na recuperação completa e na prevenção de complicações futuras associadas às lesões da sindesmose.
O que é sindesmose?
A sindesmose é um tipo específico de articulação fibrosa que mantém unidos dois ossos através de ligamentos fortes, sem a presença de cartilagem.
No corpo humano, a mais importante sindesmose está localizada entre a tíbia e a fíbula, na parte inferior da perna, próxima ao tornozelo.
Esta estrutura é composta por quatro ligamentos principais: o ligamento tibiofibular anterior, o ligamento tibiofibular posterior, o ligamento tibiofibular transverso e a membrana interóssea.
Juntos, estes tecidos formam uma conexão estável que permite movimentos limitados, mas essenciais para a biomecânica normal do tornozelo.
A principal função da sindesmose é manter a estabilidade entre a tíbia e a fíbula durante os movimentos de caminhada, corrida e saltos.
Esta articulação permite uma pequena separação entre os ossos quando necessário, absorvendo impactos e distribuindo as forças que chegam ao tornozelo.
Sem uma sindesmose saudável, o tornozelo perderia grande parte de sua estabilidade, o que comprometeria significativamente a capacidade de suportar o peso corporal e realizar movimentos.
Diferente de outras articulações mais conhecidas, como as sinoviais (por exemplo, joelho e quadril), a sindesmose não permite ampla mobilidade.
Sua função é justamente restringir o movimento entre os ossos, fornecendo estabilidade estrutural ao tornozelo. Esta característica explica por que lesões nesta região são particularmente problemáticas e requerem atenção especializada para o tratamento adequado.
Causas das lesões na sindesmose
As lesões na sindesmose ocorrem tipicamente por meio de um mecanismo de torção externa do pé, muitas vezes combinado com uma rotação do tornozelo.
Atletas que praticam esportes com movimentos bruscos de mudança de direção são particularmente vulneráveis, como jogadores de futebol, basquete, rugby e esquiadores.
Estas lesões representam aproximadamente 10% de todas as entorses de tornozelo, mas são consideradas mais graves e com recuperação mais prolongada.
Um dos mecanismos mais comuns de lesão ocorre quando o pé é fixado no chão e o corpo gira, criando uma força rotacional que excede a capacidade dos ligamentos da sindesmose.
Quedas com torção do tornozelo também podem provocar danos a esta estrutura. Em casos mais graves, fraturas da fíbula podem estar associadas às lesões da sindesmose, complicando ainda mais o quadro clínico e exigindo intervenções mais complexas.
Fatores de risco incluem:
- Instabilidade prévia do tornozelo.
- Fraqueza muscular na região.
- Calçados inadequados.
- Condições do terreno onde a atividade é praticada.
A própria anatomia individual também pode predispor algumas pessoas a um maior risco de lesões na sindesmose, como acontece com indivíduos que apresentam hipermobilidade articular generalizada.
Sintomas de uma lesão na sindesmose
Os sintomas de uma lesão na sindesmose podem variar conforme a gravidade, mas geralmente são mais intensos e persistentes que uma entorse comum de tornozelo:
- A dor localiza-se tipicamente na parte anterior do tornozelo, entre a tíbia e a fíbula, acima do maléolo lateral (a protuberância óssea na parte externa do tornozelo). Esta dor tende a aumentar durante atividades que envolvem rotação do tornozelo ou ao subir escadas.
- O edema (inchaço) é outro sintoma característico, geralmente mais pronunciado na região anterior do tornozelo, podendo se estender para cima, ao longo da parte inferior da perna.
- A equimose (manchas arroxeadas) pode aparecer, embora seja menos comum que em outras lesões ligamentares do tornozelo.
Pacientes com lesão na sindesmose frequentemente relatam instabilidade ao caminhar e dificuldade para apoiar o peso sobre o pé afetado.
A sensação de que o tornozelo está “frouxo” ou “cedendo” durante a marcha é um sinal importante.
Além disso, a amplitude de movimento do tornozelo fica reduzida, especialmente na dorsiflexão (movimento de apontar o pé para cima) e na rotação externa.
Diagnóstico
O diagnóstico preciso de uma lesão na sindesmose começa com uma avaliação clínica detalhada realizada por um médico ortopedista especializado.
Durante o exame físico, o profissional executa manobras específicas para verificar a estabilidade da articulação.
Entre os testes mais comuns estão o “teste de compressão” (onde o médico comprime a tíbia e a fíbula para verificar se há dor), o “teste de rotação externa” e o “teste de dorsiflexão-compressão”.
Os exames de imagem são fundamentais para confirmar o diagnóstico e avaliar a extensão da lesão:
- Radiografias convencionais podem mostrar um aumento no espaço entre a tíbia e a fíbula, sugerindo uma ruptura da sindesmose.
- Ressonância magnética oferece uma visualização detalhada dos tecidos moles, incluindo os ligamentos da sindesmose.
- Em casos mais complexos, onde há dúvidas sobre a estabilidade da articulação, uma tomografia computadorizada pode ser solicitada.
Em algumas situações, o médico pode recorrer à artroscopia, um procedimento minimamente invasivo que permite visualizar diretamente a articulação através de uma pequena câmera inserida por meio de uma incisão mínima.
Este método tem a vantagem de ser tanto diagnóstico quanto terapêutico, pois permite o tratamento imediato de certas lesões.
Como tratar lesões na sindesmose
O tratamento das lesões na sindesmose varia conforme a gravidade do caso e pode ser dividido em abordagens conservadoras e cirúrgicas.
Tratamentos conservadores
Para lesões leves, sem instabilidade significativa, o tratamento conservador é geralmente suficiente, que envolve:
- O protocolo RICE (Repouso, Gelo, Compressão e Elevação) nos primeiros dias, seguido de imobilização com bota ortopédica ou órtese por 4 a 6 semanas.
- Durante este período, o paciente é orientado a não apoiar peso sobre o membro afetado ou a realizar apoio parcial, conforme orientação médica.
- Medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) podem ser prescritos para controle da dor e redução do processo inflamatório.
- Após a fase inicial de imobilização, inicia-se a fisioterapia, fundamental para recuperar amplitude de movimento, força muscular e propriocepção (percepção da posição do corpo no espaço).
Abordagens cirúrgicas
Para lesões mais graves, com ruptura completa dos ligamentos e instabilidade evidente da articulação, o tratamento cirúrgico é indicado.
A cirurgia visa restaurar a anatomia normal da sindesmose, aproximando a tíbia e a fíbula na posição correta.
Isto pode ser feito através da fixação com parafusos ou com dispositivos de sutura-botão, que são mais flexíveis e, em alguns casos, não precisam ser removidos posteriormente.
Reabilitação após lesão na sindesmose
A reabilitação pós-lesão da sindesmose é um processo gradual e essencial para a recuperação completa.
Durante as primeiras semanas após a lesão ou cirurgia, o foco está na redução da dor e do inchaço, proteção da articulação e manutenção da amplitude de movimento nas articulações não afetadas. Nesta fase, exercícios isométricos suaves podem ser iniciados para prevenir a atrofia muscular.
À medida que a cicatrização avança, a fisioterapia intensifica-se com exercícios mais dinâmicos. O fortalecimento muscular concentra-se nos músculos da panturrilha, do tornozelo e dos estabilizadores laterais da perna.
Exercícios proprioceptivos, realizados com auxílio de pranchas de equilíbrio e superfícies instáveis, são introduzidos para restaurar o controle neuromuscular e prevenir novas lesões.
A progressão para atividades funcionais como caminhar, correr e saltar é individualizada, baseada na evolução do paciente e na avaliação contínua do fisioterapeuta e do médico.
Para atletas, o retorno ao esporte segue protocolos específicos, com testes que avaliam se o tornozelo está pronto para suportar as demandas da modalidade esportiva.
Normalmente, o retorno pleno às atividades ocorre entre 3 e 6 meses após a lesão, dependendo da gravidade inicial e da resposta ao tratamento.
Prevenção de lesões na sindesmose
A prevenção de lesões na sindesmose envolve uma combinação de fortalecimento muscular, treino proprioceptivo e uso de equipamentos adequados:
- Exercícios que fortalecem os músculos da perna e do tornozelo, como elevações de calcanhar, exercícios com bandas elásticas e movimentos em todas as direções do tornozelo, devem fazer parte da rotina de treinamento, especialmente para atletas de esportes com alto risco de lesão.
- O treino de equilíbrio e propriocepção utilizando pranchas de equilíbrio, superfícies instáveis ou simplesmente equilibrando-se em um pé, ajuda a melhorar a estabilidade do tornozelo e a capacidade de resposta neuromuscular diante de situações de estresse articular. Estes exercícios são particularmente importantes para quem já sofreu lesões prévias no tornozelo.
- O uso de calçados apropriados para cada atividade é fundamental. Para esportes que envolvem mudanças bruscas de direção, calçados com suporte lateral adequado podem reduzir o risco de entorses.
- Em alguns casos, principalmente para atletas com histórico de lesões, o uso preventivo de estabilizadores externos, como tornozeleiras ou bandagens funcionais, pode ser recomendado durante a prática esportiva.
Conclusão
Entendendo agora o que é sindesmose, ou seja, uma estrutura fundamental para a estabilidade do tornozelo, suas lesões podem causar significativo impacto na funcionalidade e qualidade de vida.
O diagnóstico preciso e o tratamento adequado são essenciais para uma recuperação completa e para evitar complicações a longo prazo, como instabilidade crônica e desenvolvimento precoce de artrose.
Diante de qualquer suspeita de lesão na sindesmose, como dor persistente na região anterior do tornozelo, inchaço ou instabilidade ao caminhar, é imperativo consultar um ortopedista especialista e experiente.
Somente profissionais com experiência no tratamento dessas lesões poderão oferecer o diagnóstico preciso e estabelecer o plano de tratamento mais adequado para cada caso.
Seguindo corretamente as orientações médicas durante o tratamento e o processo de reabilitação, a maioria dos pacientes consegue retornar plenamente às suas atividades habituais, incluindo a prática esportiva.
A abordagem multidisciplinar, envolvendo ortopedistas, fisioterapeutas e preparadores físicos, representa o caminho mais seguro para uma recuperação bem-sucedida das lesões da sindesmose.
- Autocuidados para Fascite Plantar: Como Aliviar a Dor - maio 2, 2025
- O que é sindesmose e como tratar essa lesão articular - maio 2, 2025
- Exercícios para Tornozelo: Fortalecimento e Prevenção de Lesões - abril 11, 2025