A patela do joelho alta representa uma condição anatômica em que a rótula está posicionada acima do seu alinhamento normal em relação ao fêmur.
Este distúrbio, embora possa passar despercebido em alguns casos, está frequentemente associado a dores na parte frontal do joelho e instabilidade articular, podendo comprometer significativamente a qualidade de vida de quem sofre com o problema.
Neste artigo, abordaremos as principais causas, manifestações clínicas, métodos diagnósticos e opções de tratamento para a patela alta, destacando a importância de buscar avaliação médica especializada para um diagnóstico preciso e tratamento adequado.
O que é a Patela do Joelho Alta?
A patela, também conhecida como rótula, é um osso triangular invertido localizado na parte frontal do joelho que se articula com o sulco formado entre os dois côndilos femorais, chamado de tróclea femoral.
Quando em posição normal, a patela desliza sobre esta tróclea durante os movimentos de flexão e extensão do joelho.
Na patela alta, como o próprio nome sugere, este osso encontra-se posicionado em uma altura superior ao normal quando visto de perfil, ou seja, a patela está acima da posição ideal para sua correta articulação com a tróclea femoral.
Esta condição tem importância clínica significativa, sendo responsável por aproximadamente 30% das disfunções da articulação patelofemoral, conforme apontam estudos recentes.
A patela, quando numa posição mais elevada, articula-se com a região mais rasa da tróclea femoral, onde as paredes do sulco não são suficientemente altas para impedir seu deslocamento lateral.
Causas da Patela Alta
A patela do joelho alta possui diversas etiologias possíveis, sendo frequentemente categorizada como um distúrbio idiopático, ou seja, sem causa claramente estabelecida.
No entanto, algumas condições específicas são reconhecidas como fatores predisponentes:
- Fatores congênitos: Muitas pessoas nascem com alterações anatômicas que predispõem à patela alta, sendo uma condição presente desde o desenvolvimento embrionário.
- Tendão patelar mais longo: Indivíduos com tendão patelar anormalmente comprido (superior a 52mm) frequentemente desenvolvem patela alta.
- Fatores genéticos: Estudos apontam maior incidência de patela alta entre membros da mesma família, sugerindo componente hereditário.
- Alterações anatômicas associadas: Outras alterações como displasia troclear (formato anormal da tróclea), joelho valgo e hiperfrouxidão ligamentar também podem contribuir para o posicionamento elevado da patela.
Sintomas e Problemas Associados à Patela Alta
A patela alta frequentemente está associada a um conjunto de sintomas e complicações que afetam significativamente a função do joelho:
Manifestações Clínicas
- Dor na região anterior do joelho: Especialmente ao subir e descer escadas, agachar ou permanecer sentado por longos períodos.
- Instabilidade patelar: Sensação de que o joelho “falha” durante atividades cotidianas.
- Estalos ou crepitações: Ruídos durante os movimentos do joelho.
- Inchaço articular: Edema na região do joelho, principalmente após atividades físicas.
Complicações Associadas
A patela do joelho alta está frequentemente associada a diversas condições patológicas:
- Luxação patelar: Deslocamento completo da patela para fora de seu trilho natural, uma das complicações mais sérias. Estudos demonstram que a patela alta tem significância estatística quando relacionada com instabilidade femoropatelar (p < 0,02).
- Condromalácia patelar: Degeneração da cartilagem articular da patela, causando dor e limitação funcional. A prevalência de condropatia patelar em ressonâncias magnéticas de pacientes com sintomas no joelho pode chegar a 79,2%, sendo maior no sexo feminino e em indivíduos acima de 40 anos.
- Artrose patelofemoral: Desgaste progressivo da articulação entre a patela e o fêmur.
- Tendinopatia patelar: Inflamação ou degeneração do tendão patelar.
Um estudo brasileiro analisou 140 joelhos com dor e constatou que 32,4% dos pacientes apresentavam patela alta segundo o Índice de Insall-Salvati. Mais significativo ainda, entre aqueles com instabilidade patelar, 45% tinham patela alta.
Diagnóstico
O diagnóstico correto da patela alta é fundamental para o adequado tratamento clínico.
Contar com a avaliação de médicos especialistas em problemas relacionados à patela alta é essencial para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento personalizado.
Exame Clínico
A avaliação inicial inclui o histórico do paciente e exame físico detalhado.
Clinicamente, a patela alta pode ser percebida como um “joelho saliente”, especialmente quando o paciente está com o joelho flexionado a 90 graus.
Exames de Imagem
O diagnóstico definitivo é feito por exames de imagem:
- Radiografia: É o exame mais acessível e frequentemente utilizado, realizado com o joelho a 30º de flexão.
- Ressonância Magnética: Oferece melhor visualização dos tecidos moles e cartilagem.
- Tomografia Computadorizada: Útil para avaliar a relação entre a patela e a tróclea femoral.
Índices de Medição
Diversos índices são utilizados para quantificar a altura patelar:
- Índice de Insall-Salvati: Relação entre o comprimento do tendão patelar e o comprimento da patela. Valores acima de 1,2 indicam patela alta.
- Índice de Caton-Deschamps: Valores superiores a 1,2-1,3 são diagnósticos de patela alta.
- Índice de Blackburne-Peel: Valores acima de 1,0 sugerem patela alta.
Um estudo com 528 joelhos com dor anterior mostrou diferentes incidências de patela alta dependendo do método de medição: 17,8% pelo índice de Blackburne-Peel, 16,2% pelo índice de Insall-Salvati, 14,3% pelo índice MIS e 10,2% pelo índice de Caton-Deschamps.
Tratamento da Patela Alta
O tratamento para patela do joelho alta deve ser individualizado, baseado na gravidade dos sintomas e no impacto funcional da condição.
A consulta com um médico ortopedista especializado é fundamental para determinar a melhor abordagem terapêutica.
Tratamento Conservador
Para casos menos graves ou sem instabilidade significativa:
- Fisioterapia: Fortalecimento muscular, especialmente do músculo vasto medial oblíquo.
- Exercícios proprioceptivos: Melhoram o controle neuromuscular do joelho.
- Uso de órteses: Em alguns casos, podem ajudar a estabilizar a patela.
Tratamento Cirúrgico
Indicado principalmente em casos de luxações recorrentes ou dor incapacitante:
- Distalização da tuberosidade tibial: Procedimento que reposiciona o tendão patelar mais abaixo, corrigindo efetivamente a altura da patela. Estudos mostram que esta técnica é eficaz na normalização da altura patelar e na prevenção de luxações recorrentes.
- Reconstrução do ligamento patelofemoral medial: Frequentemente associada à distalização para melhorar a estabilidade.
- Realinhamento patelar: Correção dos distúrbios rotacionais, angulares e de posicionamento dos ossos do joelho.
Conclusão
A patela do joelho alta representa uma condição anatômica que pode significativamente impactar a função e conforto articular.
Embora muitas pessoas vivam com esta alteração sem apresentar sintomas, uma proporção considerável desenvolve manifestações clínicas como dor, instabilidade e luxações recorrentes.
O adequado reconhecimento da patela alta, através de avaliação clínica e radiográfica por médicos especialistas, permite a implementação de estratégias terapêuticas apropriadas, que podem variar desde abordagens conservadoras até intervenções cirúrgicas em casos mais graves.
Para quem sofre com sintomas relacionados à patela alta, a recomendação é clara: busque uma avaliação completa com um médico ortopedista especializado em patologia patelofemoral, que poderá oferecer as melhores opções de tratamento personalizadas para cada caso específico.
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