A patela do joelho fora do lugar, também conhecida como luxação ou deslocamento patelar, é uma condição dolorosa e limitante que afeta milhares de pessoas no Brasil e no mundo.
Este problema ocorre quando a rótula (patela) – o pequeno osso triangular localizado na frente do joelho – desliza para fora de sua posição normal na tróclea femoral, causando dor intensa e dificuldade de movimentação.
Neste artigo, abordaremos as causas, sintomas e estratégias de prevenção deste problema ortopédico comum.
Destacaremos também a importância do diagnóstico adequado, bem como os tratamentos propostos por médicos ortopedistas para realinhamento de patela, fundamental para uma recuperação completa.
O que é a patela do joelho fora do lugar?
A patela do joelho fora do lugar ocorre quando a rótula se desloca de sua posição normal no sulco troclear do fêmur. Esta estrutura funciona como um braço de alavanca que auxilia na extensão do joelho. Quando há um deslocamento, pode ser total (luxação completa) ou parcial (subluxação).
Existem dois tipos principais de instabilidade patelar:
- Luxação traumática aguda: Resultado de um trauma direto no joelho, quando a patela é completamente empurrada para fora do sulco troclear.
- Instabilidade patelar crônica: Ocorre devido a fatores anatômicos predisponentes que facilitam o deslocamento da patela mesmo em movimentos cotidianos.
Epidemiologia e fatores de risco
Situações em que a patela do joelho sai do lugar não são incomuns. Estudos epidemiológicos indicam que esta condição representa aproximadamente 3% de todas as lesões do joelho.
A incidência na população geral varia de 5,8 a 7,0 por 100.000 pessoas por ano, porém, em jovens entre 10 e 17 anos, este número salta para 29 por 100.000.
A maioria dos pacientes com instabilidade patelar tem entre 10 e 16 anos, com maior prevalência em mulheres. Esta predisposição feminina está relacionada à maior frouxidão ligamentar natural nas mulheres.
Entre atletas, a prevalência é significativamente maior:
- Em atletas recreacionais: 10% em homens e 6% em mulheres.
- Em atletas de elite: 14% em homens e 6% em mulheres.
- Maior prevalência em esportes como voleibol (45% em atletas de elite), basquetebol (32%) e handebol (15%).
Os principais fatores de risco incluem:
- Joelho valgo (em X) acentuado.
- Hiperfrouxidão ligamentar.
- Displasia da tróclea femoral.
- Patela alta.
- Fraqueza do músculo vasto medial oblíquo.
- Ângulo Q aumentado.
- Condições como Síndrome de Down e Síndrome de Ehlers-Danlos.
Sintomas e diagnóstico
Os sintomas variam conforme a gravidade do deslocamento, mas geralmente os pacientes relatam:
- Dor aguda e intensa no joelho.
- Incapacidade de movimentação.
- Deformidade visível (a patela visivelmente deslocada).
- Inchaço rápido devido ao sangramento interno.
- Sensação de instabilidade ou “falseio”.
- Bloqueio do movimento.
O diagnóstico adequado é fundamental e deve ser realizado por um médico ortopedista especializado. Este profissional realizará:
- Avaliação clínica detalhada: Histórico médico e exame físico, incluindo testes específicos para instabilidade patelar.
- Exames de imagem:
- Radiografias em diferentes ângulos (AP, lateral e axial da patela).
- Tomografia computadorizada para medir a distância TT-TG, um parâmetro importante na avaliação e tratamento.
- Ressonância magnética para avaliar lesões de tecidos moles e cartilagem.
A consulta com um ortopedista especializado em joelho é essencial, pois este profissional possui o conhecimento e experiência para identificar corretamente o problema e suas causas subjacentes, direcionando o tratamento mais apropriado.
Tratamento
Tratamento imediato
Em caso de luxação aguda, é necessário:
- Reduzir a patela (recolocá-la no lugar) sem demora.
- Não realizar aspiração do líquido articular (hemartrose).
- Realizar radiografias após a redução.
- Evitar imobilização com gesso, mas utilizar talas que permitam flexão total do joelho para alívio da dor.
Tratamento conservador
Indicado para casos de primeiro episódio sem fragmentos soltos ou danos articulares significativos:
- Reabilitação com fisioterapia para fortalecimento muscular.
- Uso de muletas quando necessário para deambulação.
- Exercícios específicos para fortalecer quadríceps e melhorar a estabilidade.
Tratamento cirúrgico
Considerado quando:
- Há episódios recorrentes de luxação.
- Existem fatores anatômicos predisponentes significativos.
- Falha do tratamento conservador.
As técnicas cirúrgicas incluem:
- Realinhamento proximal: cirurgia em partes moles (avanço do músculo vasto medial).
- Realinhamento distal: procedimento no osso da tíbia com osteotomia.
- Reconstrução do Ligamento Patelo Femoral (LPF).
Estudos mostram resultados positivos após reconstrução do MPFL em jovens, com melhora significativa na função do joelho e baixa taxa de recorrência.
Reabilitação e prevenção
A fisioterapia desempenha papel fundamental na recuperação, podendo durar até três meses após o episódio inicial. O programa de reabilitação geralmente envolve:
- Exercícios de fortalecimento do quadríceps.
- Alongamentos específicos.
- Treino de propriocepção.
- Reeducação da marcha.
- Exercícios para glúteos e estabilizadores do quadril.
Para prevenção de novos episódios, recomenda-se:
- Manter rotina de exercícios de fortalecimento.
- Uso de joelheiras em atividades de alto risco.
- Técnicas adequadas durante práticas esportivas.
- Acompanhamento regular com ortopedista em casos de predisposição anatômica.
Conclusão
A patela do joelho fora do lugar é uma condição dolorosa e potencialmente recorrente que afeta principalmente jovens ativos.
O risco de recorrência após o primeiro episódio varia entre 15% e 44%, e pacientes com duas ou mais luxações têm 50% de chance de enfrentar novos episódios.
O diagnóstico preciso por um ortopedista especializado é fundamental para determinar o melhor curso de tratamento e evitar complicações a longo prazo, como instabilidade crônica e osteoartrite.
A combinação de intervenções adequadas – seja conservadora ou cirúrgica – e um programa de reabilitação bem estruturado são essenciais para um bom prognóstico.
Se você experimentou a sensação da patela do joelho fora do lugar, não hesite em buscar ajuda ortopédica especializada.
Quanto mais cedo for diagnosticado e tratado, melhores serão os resultados e menor o risco de problemas futuros.
- Cirurgia da patela do joelho: quando é indicada? - maio 14, 2025
- Patela do joelho doendo: como aliviar a dor - maio 13, 2025
- Patela do Joelho Fora do Lugar: O Que Fazer - maio 12, 2025