A patela do joelho, também conhecida como rótula, é um pequeno osso triangular localizado na parte frontal da articulação do joelho.
Apesar de seu tamanho modesto, desempenha funções de extrema importância para a mecânica e estabilidade do joelho.
Este osso sesamoide (osso embutido em um tendão) é o maior do corpo humano e atua como elemento fundamental no mecanismo de extensão do joelho.
Neste artigo, exploraremos as principais funções da patela do joelho, as lesões mais comuns que a afetam e a importância do acompanhamento com médicos especialistas em problemas de patela.
Anatomia
A patela do joelho possui formato triangular com seu ápice apontando para baixo. Estruturalmente, é composta por osso trabecular denso recoberto por uma fina camada de osso compacto.
Localiza-se dentro do tendão do quadríceps femoral, em frente à articulação do joelho, e articula-se com o fêmur formando a articulação patelofemoral.
Esta estrutura óssea possui uma superfície anterior convexa e uma superfície posterior que apresenta duas facetas principais (medial e lateral) que se articulam com os côndilos femorais. É importante mencionar que apenas dois terços superiores da patela possuem superfície articular.
Do ponto de vista anatômico, a patela serve como ponto de inserção para diversas estruturas importantes: o tendão do quadríceps superiormente, o tendão patelar inferiormente (que se insere na tuberosidade da tíbia), e os músculos vasto medial e vasto lateral em suas bordas correspondentes.
Funções da Patela do Joelho
A patela do joelho desempenha múltiplas funções essenciais que contribuem para o funcionamento adequado do membro inferior. Entre suas principais funções, destacam-se:
Potencialização do Mecanismo Extensor
A principal função da patela é atuar como uma alavanca para aumentar a eficiência dos músculos do quadríceps, otimizando o que chamamos de mecanismo extensor do joelho, aumentando a potência do músculo quadríceps.
Ao funcionar como uma polia, a patela melhora o braço de alavanca durante a extensão do joelho, permitindo que os músculos exerçam maior força com menor esforço.
Estudos demonstram que a patela aumenta a força de extensão do joelho em aproximadamente 60%, especialmente nos últimos 15° de extensão. Este aspecto é particularmente importante para atividades como subir escadas, levantar-se e pular.
Proteção da Articulação
A patela atua como um escudo protetor para a articulação do joelho, cobrindo sua parte frontal e ajudando a evitar lesões diretas nas superfícies articulares do fêmur e da tíbia.
Esta função protetora é fundamental durante atividades de impacto ou em caso de traumas diretos na região anterior do joelho.
Estabilização Articular
Contribui significativamente para a estabilidade da articulação do joelho durante movimentos de flexão e extensão.
A patela ajuda a manter o tendão patelar no lugar adequado, evitando deslocamentos laterais e favorecendo a estabilidade geral do joelho.
Redução do Atrito
A patela age como amortecedor, reduzindo o atrito entre o tendão patelar e o fêmur durante os movimentos do joelho, o que minimiza o desgaste dessas estruturas ao longo do tempo.
Melhora da Propriocepção
Este pequeno osso também desempenha um papel importante na propriocepção, que é a capacidade do corpo de perceber a posição e o movimento das articulações, fundamental para coordenação motora e equilíbrio.
Lesões Comuns
As lesões que afetam a patela do joelho são frequentes e podem afetar pessoas de diferentes idades e perfis. Entre as mais comuns, podemos citar:
Condromalácia Patelar
Também conhecida como condropatia patelar, caracteriza-se pelo desgaste da cartilagem articular que reveste a patela.
Em um estudo realizado com ressonância magnética de 3.0 T, verificou-se uma prevalência surpreendentemente alta de 79,2% de condropatia patelar, sendo mais frequente em mulheres e em indivíduos acima de 40 anos.
A condromalácia é classificada em quatro graus progressivos, desde o amolecimento inicial da cartilagem até a exposição completa do osso subcondral.
Os sintomas incluem dor na parte anterior do joelho, especialmente ao subir e descer escadas ou ao permanecer sentado por longos períodos.
Luxação da Patela
Ocorre quando a patela sai de sua posição normal na ranhura do fêmur. A luxação patelar representa cerca de 3% das lesões do joelho e geralmente acontece lateralmente.
Os principais fatores de risco incluem traumas diretos, movimentos bruscos de torção do joelho e predisposições anatômicas.
O tratamento da luxação patelar pode ser conservador ou cirúrgico, dependendo da gravidade e recorrência. A reconstrução do ligamento patelofemoral medial é um procedimento comumente utilizado nos casos de luxação recidivante.
Fraturas Patelares
As fraturas da patela representam aproximadamente 1% de todas as fraturas e são mais prevalentes na faixa etária de 20 a 50 anos. Entre os tipos mais comuns estão as fraturas transversas (36%), seguidas pelas cominutivas com desvio (23,3%).
Um estudo conduzido no Instituto de Ortopedia e Traumatologia da USP revelou que 30% das fraturas patelares são expostas, o que aumenta o risco de complicações.
O tratamento varia desde imobilização com gesso até intervenções cirúrgicas como patelectomia parcial ou banda de tensão.
Síndrome da Dor Femoropatelar
Esta condição é caracterizada por dor na região anterior do joelho resultante de um desequilíbrio biomecânico na articulação patelofemoral.
Estudos mostram uma prevalência anual impressionante de 22,7% na população geral e 28,9% em adolescentes.
Em um estudo com escolares brasileiros, observou-se uma prevalência de 29,7% desta síndrome, sendo mais comum no sexo feminino, em jovens ativos e com baixo peso.
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico adequado das lesões patelares requer avaliação clínica detalhada, além de exames complementares como radiografias, ressonância magnética e, em casos selecionados, artroscopia.
O tratamento varia conforme o tipo e a gravidade da lesão, podendo incluir:
- Repouso, gelo, compressão e elevação para lesões agudas.
- Fisioterapia para fortalecimento muscular e reequilíbrio biomecânico.
- Medicação para controle da dor e inflamação.
- Imobilização temporária em casos específicos.
- Intervenção cirúrgica para casos graves ou refratários ao tratamento conservador.
É fundamental destacar a importância do acompanhamento por um ortopedista especialista em joelho, que possui a experiência necessária para diagnosticar corretamente e propor o tratamento mais adequado para cada caso de patologia da patela do joelho.
O especialista será capaz de avaliar fatores anatômicos individuais, biomecânica do joelho e particularidades de cada paciente para oferecer a melhor abordagem terapêutica.
Prevenção e Cuidados
Para manter a saúde da patela do joelho, recomenda-se:
- Fortalecimento adequado dos músculos do quadríceps e isquiotibiais.
- Manutenção do peso corporal adequado.
- Atenção à técnica correta durante atividades físicas.
- Uso de equipamentos adequados para esportes.
- Evitar sobrecarga repetitiva nos joelhos.
Conclusão
A patela do joelho é uma estrutura fundamental para o funcionamento adequado do membro inferior, desempenhando papéis fundamentais na mecânica, proteção e estabilidade do joelho.
As lesões que a afetam são frequentes e podem impactar significativamente a qualidade de vida e a funcionalidade.
Diante de sintomas como dor anterior no joelho, sensação de instabilidade, estalos ou limitação de movimentos, é essencial procurar avaliação médica especializada.
O ortopedista especialista em lesões do joelho possui o conhecimento e a experiência necessários para o tratamento adequado das patologias da patela, garantindo melhores resultados e menor risco de complicações ou sequelas.
Uma patela saudável e funcional é essencial para a realização de atividades cotidianas e esportivas, reforçando a importância de sua valorização e cuidado adequado.
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