A patela do joelho quebrada representa uma condição ortopédica que demanda diagnóstico preciso e tratamento adequado para garantir a recuperação da função normal do joelho.
Esta fratura, que acomete o maior osso sesamoide do corpo humano, exige atenção redobrada por parte de ortopedistas experientes em fraturas de patela devido ao seu papel fundamental no mecanismo extensor do joelho.
Quando fraturada, essa estrutura triangular localizada anteriormente à articulação compromete não apenas movimentos básicos como caminhar ou subir escadas, como também atividades esportivas e profissionais, impactando significativamente a qualidade de vida.
Compreender os mecanismos dessa lesão, suas opções terapêuticas e a importância do cuidado especializado é fundamental para reduzir sequelas e garantir a recuperação funcional ideal, e é exatamente sobre isso que abordaremos ao longo deste artigo.
Anatomia e Função da Patela
A patela é um osso sesamoide triangular localizado na parte anterior do joelho que liga o tendão quadricipital ao ligamento patelar.
Sua principal função é transmitir as forças do músculo quadríceps até a tíbia, fazendo parte do mecanismo extensor do joelho e aumentando o braço de alavanca das forças aplicadas pelo quadríceps.
Este pequeno osso desempenha papel chave na biomecânica da articulação, otimizando a capacidade de extensão e estabilidade do joelho durante atividades cotidianas e esportivas.
Epidemiologia das Fraturas de Patela
As fraturas da patela são relativamente raras, representando aproximadamente 1% de todas as fraturas do esqueleto. Tradicionalmente, estudos indicavam maior prevalência na faixa etária de 20 a 50 anos, com predominância no sexo masculino (68%) e maior acometimento do lado direito (51,5%).
Dados mais recentes de um amplo estudo sueco com 3.194 casos mostram que 64% dos pacientes com patela do joelho quebrada eram mulheres, com idade média de 67 anos, indicando maior incidência em idosas.
O mesmo estudo verificou que 70% das fraturas foram causadas por traumas de baixa energia, principalmente quedas simples.
No Brasil, uma análise realizada no IOT-HC-FMUSP com 103 pacientes identificou que os mecanismos mais comuns de trauma incluem:
- Queda direta (43,7%).
- Acidentes automobilísticos (33%).
- Queda de altura (10,7%).
- Atropelamentos (6,8%).
- Ferimentos por arma de fogo (3,9%).
- Trauma indireto por flexão forçada (1,9%).
Classificação e Tipos de Fraturas da Patela
As fraturas de patela são classificadas considerando dois aspectos principais: o padrão do traço de fratura e a presença de exposição óssea. Quanto ao padrão, as fraturas podem ser:
- Transversas (36-56% dos casos).
- Cominutas com desvio (23,3%).
- Fraturas do ápice (19,4%).
- Cominutas sem desvio (8,7%).
- Verticais (5,8%).
- Fraturas da base (2,9%).
- Fraturas associadas (3,9%).
Nos casos de fraturas expostas (30% do total), é utilizada a classificação de Gustillo e Anderson, sendo as do tipo II as mais frequentes (51,6%).
Diagnóstico da Patela do Joelho Quebrada
O diagnóstico clínico inclui dor intensa na região anterior do joelho, inchaço significativo, hemartrose (sangramento intra-articular), dificuldade ou impossibilidade de estender ativamente o joelho e, em alguns casos, deformidade visível.
Em fraturas graves, pode-se observar hematoma extenso ou até mesmo exposição óssea.
O diagnóstico é confirmado por exames de imagem, sendo a radiografia simples em duas incidências (anteroposterior e perfil) o exame inicial de escolha.
Em casos mais complexos ou quando há dúvidas, pode-se recorrer à tomografia computadorizada para melhor visualização dos fragmentos e planejamento cirúrgico.
Tratamentos
Tratamento Conservador
O tratamento não-cirúrgico é indicado para fraturas minimamente desviadas (menos de 2-3mm de desnivelamento e menos de 1-4mm de afastamento entre fragmentos) com mecanismo extensor íntegro.
Este tratamento consiste em:
- Imobilização com tala gessada ou órtese de joelho travada em extensão.
- Punção da hemartrose quando significativa.
- Liberação progressiva de amplitude de movimento após diminuição da dor.
- Controle radiográfico para verificar manutenção da redução.
Tratamento Cirúrgico
A intervenção cirúrgica é necessária em fraturas desviadas, fraturas expostas e quando há perda da função extensora. As técnicas mais utilizadas são:
- Patelectomia parcial (46,6% dos casos).
- Fixação com banda de tensão (20,4%).
- Cerclagem (4,8%).
- Patelectomia total (2,9%).
A técnica de banda de tensão modificada (MATB) é considerada padrão-ouro para fraturas transversas, combinando fios de aço com parafusos ou fios de Kirschner. Estudos demonstram 57,1% de resultados excelentes e bons com esta técnica.
Contar com o suporte de médicos ortopedistas especializados é fundamental para a escolha da técnica mais adequada, visto que o tratamento inadequado pode resultar em perda significativa da função e desenvolvimento de artrose precoce.
O especialista saberá avaliar criteriosamente o padrão da fratura, qualidade óssea e condições do paciente para determinar a melhor opção terapêutica.
Reabilitação
A reabilitação é parte essencial do tratamento e varia conforme o tipo de lesão e a intervenção realizada. O protocolo geralmente envolve quatro fases principais:
- Fase I (0-2 semanas): Controle da dor e edema, imobilização com joelho em extensão, exercícios isométricos limitados.
- Fase II (2-6 semanas): Ganho progressivo de amplitude de movimento (10° por semana até 90°), início de exercícios para fortalecimento leve.
- Fase III (6-12 semanas): Normalização da marcha, ganho completo de amplitude de movimento, fortalecimento progressivo.
- Fase IV (12-18 semanas): Retorno às atividades esportivas, exercícios de agilidade e pliometria, treinamento específico.
Complicações
As principais complicações de patela do joelho quebrada incluem:
- Infecção pós-operatória (6,8% dos casos, acima da média da literatura que varia de 0-5%).
- Pseudoartrose (não união) – rara, mas pode ocorrer em 1-7% dos casos.
- Rigidez articular e perda de amplitude de movimento.
- Artrose pós-traumática.
- Patela baixa (patela baja).
Conclusão
A patela do joelho quebrada representa um desafio terapêutico que demanda avaliação e tratamento individualizados.
O resultado funcional final é multifatorial e não depende isoladamente do tipo de fratura, método de tratamento, idade ou mecanismo de trauma.
O acompanhamento por uma equipe ortopédica especializada em patela é essencial para garantir a melhor abordagem terapêutica e reabilitação adequada.
A patela do joelho quebrada, quando tratada corretamente e com reabilitação apropriada, apresenta resultados funcionais satisfatórios, permitindo o retorno às atividades habituais.
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