O menisco é uma estrutura de fibrocartilagem em formato de meia lua localizada no joelho. Cada joelho possui dois meniscos: o medial, na parte interna, e o lateral, na parte externa, posicionados entre o fêmur e a tíbia.
Essas estruturas desempenham papel fundamental na distribuição de carga, estabilidade articular e proteção da cartilagem, tornando-as essenciais para o bom funcionamento do joelho.
Quando ocorre uma lesão meniscal, a cirurgia de menisco pode ser necessária para restaurar a função do joelho e prevenir complicações futuras.
As lesões meniscais são extremamente comuns, com estudos norte-americanos indicando uma incidência de 61 casos por 100.000 pessoas na população geral.
Diante da complexidade dessas lesões e da importância dos meniscos para a saúde articular, é fundamental consultar cirurgiões especialistas em lesões de menisco para uma avaliação detalhada e individualizada, garantindo o tratamento mais adequado e os melhores resultados possíveis.
Neste artigo, abordaremos os principais tipos de cirurgia de menisco, os cuidados necessários durante a recuperação e os resultados esperados em curto e longo prazo, com base em pesquisas científicas e opiniões de especialistas renomados.
Epidemiologia das lesões meniscais
As lesões de menisco representam um problema de saúde significativo, com uma prevalência aproximada de 12% a 14% na população geral.
Estudos epidemiológicos mostram que o gênero masculino é mais afetado, com uma incidência 2,5 vezes maior que em mulheres.
De acordo com um estudo brasileiro realizado em Goiânia, as lesões do menisco medial representam 14,36% dos atendimentos ortopédicos, sendo a segunda lesão osteomuscular mais prevalente, ficando atrás apenas da osteoartrose.
Os fatores de risco para lesões meniscais incluem prática esportiva, idade avançada, sexo masculino e condições preexistentes como osteoartrite.
Atividades que envolvem agachamento, levantamento de peso, subida de escadas e esportes com mudanças bruscas de direção, como futebol, rugby e basquete, também aumentam significativamente o risco.
Em jovens, as lesões são frequentemente relacionadas a traumas esportivos, enquanto em pessoas acima de 40 anos predominam as lesões degenerativas.
Nas lesões traumáticas, o menisco medial é mais comumente afetado devido à sua menor mobilidade, enquanto em pacientes com deficiência do ligamento cruzado anterior (LCA), o risco de lesão meniscal aumenta significativamente, especialmente se a reconstrução for adiada por mais de um ano.
Tipos de cirurgia de menisco
Quando o tratamento conservador não apresenta resultados satisfatórios, a cirurgia de menisco pode ser indicada. Atualmente, existem quatro técnicas principais utilizadas pelos cirurgiões ortopédicos:
Meniscectomia parcial
Tradicionalmente, a meniscectomia parcial artroscópica é o procedimento mais realizado para lesões meniscais.
Trata-se de uma cirurgia realizada por artroscopia, técnica minimamente invasiva que utiliza uma microcâmera introduzida no joelho através de pequenos portais. Nesse procedimento, apenas a porção lesionada ou rasgada do menisco é removida, preservando ao máximo o tecido saudável.
A meniscectomia parcial é geralmente indicada para lesões na região avascular do menisco, que não possui capacidade de cicatrização.
Após a cirurgia, o paciente recebe alta no mesmo dia, inicia fisioterapia precocemente e pode utilizar muletas ou bengala por poucos dias. O tempo total de recuperação e retorno aos esportes varia de 45 a 90 dias.
Sutura meniscal
A sutura do menisco representa o que há de mais avançado quando falamos em cirurgia de menisco.
Diferentemente da meniscectomia, a sutura preserva toda a estrutura do menisco, corrigindo a lesão sem necessidade de extrair nenhuma parte do tecido. Esta técnica é considerada o procedimento padrão-ouro para lesões meniscais.
Estudos científicos demonstram que a sutura do menisco proporciona melhores resultados clínicos e biomecânicos no seguimento de 1 ano do que a meniscectomia.
No entanto, a recuperação pós-operatória é mais longa, exigindo em torno de 4 semanas sem carga total, dependendo do tamanho, localização e tipo de sutura realizada.
O Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS) foi pioneiro em realizar cirurgias de sutura de menisco pelo SUS no estado, demonstrando o avanço dessa técnica também no sistema público de saúde brasileiro.
Transplante de menisco
O transplante de menisco é indicado para pacientes jovens previamente submetidos a uma meniscectomia total e que apresentam dor contínua no joelho operado.
Nesse procedimento, um menisco proveniente de banco de tecidos (de doador cadáver) é fixado na articulação do paciente.
A técnica exige exames pré-operatórios detalhados, incluindo radiografias, tomografia computadorizada e ressonância magnética, para avaliar a indicação do transplante e as medidas do menisco a ser transplantado.
O procedimento pode ser associado à osteotomia do joelho quando é necessário um realinhamento do eixo do joelho para proteção do transplante.
Estudos de longo prazo mostram que o transplante de menisco produz bons resultados funcionais mesmo após 15 anos de acompanhamento, embora a artrite degenerativa no compartimento afetado possa progredir durante esse período.
Prótese de menisco
Embora menos comum, a prótese de menisco é uma alternativa ao transplante quando este não é viável.
Este procedimento ainda está em desenvolvimento e não é amplamente disponível em todos os centros médicos.
Cuidados pós-operatórios e recuperação após a cirurgia
A recuperação após a cirurgia de menisco varia de acordo com a técnica utilizada.
Independentemente do procedimento, é fundamental um retorno gradual às atividades, e a fisioterapia motora é essencial no início da reabilitação.
Após uma meniscectomia parcial, o paciente geralmente recebe alta no mesmo dia, podendo apoiar o membro operado conforme tolerância. O retorno às atividades esportivas pode ocorrer entre 45 e 90 dias.
Na sutura meniscal, a recuperação é mais prolongada, pois é necessário aguardar a cicatrização do menisco. Em geral, exige-se cerca de 4 semanas sem carga total no membro operado, com progressão gradual dos exercícios durante a reabilitação.
No caso do transplante de menisco, a recuperação é ainda mais cuidadosa, demandando um período maior de restrição de carga e um programa de reabilitação mais intensivo para garantir a integração adequada do enxerto.
Resultados e expectativas
Os resultados das cirurgias de menisco variam conforme a técnica empregada e o perfil do paciente.
Estudos de longo prazo mostram que 91,7% dos pacientes submetidos à meniscectomia parcial apresentam resultados excelentes ou bons após 4 anos, e 78,1% mantêm esses resultados após 12 anos.
No entanto, é importante destacar que a presença de danos na cartilagem articular no momento da cirurgia é um fator determinante para os resultados a longo prazo.
Apenas 62% dos pacientes com danos cartilaginosos adicionais mantêm resultados excelentes e bons após 12 anos, em contraste com 94,8% de bons resultados em pacientes com lesões meniscais isoladas.
Em relação à sutura meniscal, estudos modernos relatam uma taxa de falha de 19,5% após 5 anos da cirurgia. As suturas do menisco lateral têm maior probabilidade de sucesso em comparação com as do menisco medial (87,4% versus 76,1% de sucesso).
O transplante de menisco apresenta bons resultados funcionais mesmo após 15 anos, embora a extrussão meniscal aumente com o tempo e a degeneração articular possa progredir.
Conclusão
A cirurgia de menisco evoluiu significativamente nas últimas décadas, priorizando a preservação tecidual e técnicas minimamente invasivas. O lema atual da cirurgia meniscal é “salvar o menisco”, evitando ao máximo a remoção de tecido saudável.
Entre as opções cirúrgicas, a sutura meniscal tem se destacado como procedimento padrão-ouro por preservar integralmente a estrutura do menisco e proporcionar melhores resultados biomecânicos a longo prazo.
No entanto, cada técnica tem suas indicações específicas, e a escolha do procedimento mais adequado deve ser individualizada.
É fundamental ressaltar que o sucesso do tratamento depende não apenas da técnica cirúrgica escolhida, mas também de um programa de reabilitação adequado e do comprometimento do paciente.
A consulta com um cirurgião ortopedista especialista em joelho é essencial para uma avaliação detalhada e para definir a melhor estratégia terapêutica em cada caso.
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