Observo diariamente no consultório pessoas que chegam com queixas de dor no calcanhar, receosas de terem desenvolvido um esporão no pé.
Muitos associam diretamente o desconforto à formação óssea em si, mas a verdadeira razão pode envolver outros fatores, como inflamações crônicas na fáscia plantar.
Meu objetivo aqui enquanto médico especialista em pé e integrante do COE Ortopedia é esclarecer os principais pontos sobre esse tema, abordando causas, sintomas e possibilidades de tratamento.
O que é o esporão no pé
A expressão “esporão no pé” designa um crescimento ósseo anormal no calcanhar, chamado de esporão calcâneo.
Costuma ocorrer quando há tensão prolongada em estruturas como a fáscia plantar, que conecta o calcanhar aos dedos e serve como suporte do arco do pé.
Esse processo de sobrecarga leva a microtraumatismos e possíveis depósitos de cálcio na região, resultando em uma protuberância óssea.
É comum que o esporão surja na porção inferior do calcanhar ou na parte de trás, próximo à inserção do tendão de Aquiles.
Em boa parte das situações, essa calcificação não provoca dor. O incômodo aparece quando existe inflamação em tecidos próximos, como ocorre na fascite plantar.
Diferenças entre esporão e fascite plantar
Alguns pacientes se surpreendem ao descobrir que o esporão no pé nem sempre é o responsável direto pela dor.
A fascite plantar envolve uma inflamação na fáscia plantar, tecido espesso que vai do calcanhar até a parte frontal do pé. Em casos avançados, essa condição pode favorecer a formação do esporão.
- Fascite plantar: inflamação dolorosa da fáscia plantar. Manifesta-se com dor aguda ao apoiar o pé pela manhã ou depois de longos períodos de inatividade.
- Esporão no pé: crescimento ósseo no calcâneo, que pode ou não vir acompanhado de dor. Muitas vezes descobrimos o esporão em exames de imagem sem que haja qualquer queixa clínica do paciente.
Principais causas
Com base na minha experiência clínica e longos anos de estudos, posso afirmar que as principais causas para esporão no pé são:
- Sobrecarga repetitiva
Atividades como corrida, esportes com saltos e movimentos intensos no pé são capazes de desencadear microlesões, resultando em calcificações ao longo do tempo. - Envelhecimento
A estrutura dos pés sofre alterações ao passar dos anos. Quanto maior a idade, maior a probabilidade de surgirem calcificações no calcanhar. - Obesidade
O excesso de peso aumenta a pressão sobre o calcanhar. A sobrecarga pode estimular processos inflamatórios crônicos. - Calçados inadequados
Sapatos muito planos, rasos ou que não dão suporte adequado ao arco do pé podem potencializar inflamações e lesões repetitivas. - Fascite plantar
Quando não há diagnóstico e tratamento adequados, a inflamação prolongada pode levar ao surgimento de uma proeminência óssea. - Características anatômicas
Arcos muito altos ou pés planos podem alterar a distribuição de carga e intensificar o risco de desenvolvimento do esporão.
Sintomas comuns
A maioria das pessoas descobre o esporão em exames de raio X sem queixa de dor. Quando há incômodo, percebo os seguintes relatos:
- Dor no calcanhar: sensação que piora ao pisar, especialmente ao sair da cama pela manhã ou após longos períodos sentado.
- Sensibilidade ao toque: quem manifesta dor tende a sentir desconforto ao pressionar a região.
- Inchaço: em algumas situações, o local pode apresentar um leve edema.
- Dificuldade para caminhar: a dor leva a movimentos de compensação e limitação na marcha.
Diagnóstico
A avaliação clínica começa com perguntas detalhadas sobre a rotina e o histórico de dores do paciente.
Em seguida, realizo um exame físico, testando a mobilidade, a distribuição de carga e os pontos de maior sensibilidade.
Radiografias são as mais solicitadas, pois permitem visualizar o esporão e outras alterações ósseas.
Existindo suspeita de lesões mais complexas, a ressonância magnética ajuda a analisar com precisão tendões e ligamentos.
Formas de tratamento
Na maioria dos casos, proponho intervenções conservadoras. A cirurgia fica para cenários específicos, nos quais as dores se tornam crônicas ou há compressão importante de estruturas.
1. Repouso e gelo
Quando a dor é intensa, recomendo dar uma pausa nas atividades físicas de impacto. Aplicar gelo no calcanhar de 15 a 20 minutos, algumas vezes ao dia, alivia a inflamação.
2. Uso de calçados adequados
Sapatos com amortecimento e leve elevação na parte posterior ajudam a diminuir a tensão no calcanhar. Em casos selecionados, o uso de palmilhas ortopédicas é útil.
3. Fisioterapia
O trabalho de reabilitação compreende alongamentos para a fáscia plantar e exercícios de fortalecimento muscular.
A fisioterapia manual reorganiza a biomecânica do pé, enquanto técnicas específicas podem reduzir o quadro inflamatório.
Recursos tecnológicos, como análise de movimento computadorizada e laserterapia, também podem ser aplicados.
4. Medicamentos e infiltrações
Analgésicos e anti-inflamatórios oferecem alívio rápido. Em momentos de dor extrema, a infiltração com corticoide pode controlar a inflamação de modo mais efetivo.
5. Ondas de choque
Quando o desconforto persiste, a terapia por ondas de choque é uma solução com forte embasamento científico.
Aplico esse recurso em pacientes cujo tratamento convencional não apresentou resultado satisfatório.
É um procedimento capaz de acelerar a cicatrização dos tecidos ao promover microestimulações locais.
6. Cirurgia
A remoção cirúrgica do esporão ocorre em último caso. Se todas as abordagens anteriores forem ineficazes e a pessoa continuar com dor, a retirada do excesso ósseo pode ser recomendada.
A recuperação pós-operatória exige fisioterapia para restabelecer a mobilidade completa.
Estratégias de prevenção
É possível prevenir o surgimento do esporão no pé adotando as seguintes medidas:
- Manter o peso corporal controlado e escolher calçados que ofereçam bom suporte ao arco são atitudes que diminuem bastante o risco de inflamações no pé.
- Exercícios de alongamento frequentes, principalmente no tendão de Aquiles e na fáscia plantar, também evitam sobrecarga crônica.
Sempre oriento meus pacientes a buscar ajuda ao primeiro sinal de dor no calcanhar, já que tratar precocemente traz resultados superiores.
Conclusão
Na equipe do COE Ortopedia em Goiânia, investimos em tecnologia e protocolos atualizados para identificar e tratar as causas da dor no pé.
Ao examinar cada paciente, avalio fatores como tipo de pisada, prática esportiva e possíveis desequilíbrios musculares.
Proponho um plano que integre repouso, fisioterapia e possíveis intervenções modernas para que a recuperação seja segura.
Caso esteja precisando de acompanhamento profissional para esporão no pé, meu conselho é agendar uma consulta com um especialista em ortopedia.
O cuidado precoce preserva a qualidade de vida e evita agravamentos que podem limitar a prática de atividades físicas e comprometer a saúde dos pés.
Imagens: Créditos Freepik
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