A dúvida sobre se a cirurgia de menisco é perigosa preocupa muitos pacientes que precisam passar por esse procedimento.
Felizmente, os avanços na medicina ortopédica moderna têm tornado essa intervenção cada vez mais segura.
Atualmente, os médicos ortopedistas contam com protocolos de segurança avançados que reduzem significativamente os riscos associados à cirurgia.
Neste artigo, abordaremos os dados científicos mais recentes sobre os riscos reais da cirurgia meniscal, as complicações possíveis, os fatores que influenciam o sucesso do procedimento, os protocolos preventivos utilizados pelos profissionais e o processo de recuperação pós-operatória.
O que é a Cirurgia de Menisco?
O menisco é uma estrutura cartilaginosa presente no joelho que atua como amortecedor e estabilizador da articulação.
Quando ocorre uma lesão nessa estrutura, seja por trauma ou desgaste natural, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica para corrigir o problema e restaurar a função do joelho.
Existem principalmente três tipos de procedimentos cirúrgicos para tratar lesões meniscais:
- Meniscectomia parcial: remoção apenas da parte danificada do menisco, preservando o tecido saudável.
- Reparo meniscal: sutura da lesão para que o menisco se regenere, mantendo sua função original.
- Substituição de menisco: transplante de um menisco de doador, geralmente indicado para pacientes mais jovens com lesões graves.
A maioria desses procedimentos é realizada via artroscopia, uma técnica minimamente invasiva que utiliza pequenas incisões e uma câmera para visualizar e tratar a lesão. Esta abordagem reduz o trauma cirúrgico e acelera a recuperação do paciente.
Cirurgia de Menisco é Perigosa? Dados e Estatísticas
Quando analisamos dados científicos recentes, percebemos que a cirurgia de menisco é relativamente segura.
Um estudo abrangente conduzido na Inglaterra, analisando quase 700 mil procedimentos de meniscectomia parcial, mostrou que a taxa de complicações sérias nos primeiros 90 dias pós-operatórios é de apenas 0,317%.
As complicações graves incluíram:
- Embolia pulmonar (0,078%)
- Infecções necessitando de cirurgia adicional (0,135%)
- Outras complicações como infarto do miocárdio, AVC ou morte (em percentuais ainda menores)
Outro estudo, publicado em 2023, mostrou taxas ainda mais baixas de complicações, com menos de 1% em geral e menos de 1,3% entre pacientes com mais de 40 anos.
Esses dados confirmam que, embora nenhum procedimento cirúrgico seja totalmente isento de riscos, a cirurgia de menisco apresenta uma margem de segurança bastante favorável.
Taxa de Sucesso a Longo Prazo
Quanto à eficácia, os reparos meniscais modernos apresentam uma taxa de falha de 19,5% em um período mínimo de 5 anos após a cirurgia, segundo estudo publicado no Journal of Bone and Joint Surgery.
As técnicas all-inside atuais melhoraram significativamente os resultados quando comparadas com dispositivos de gerações anteriores, que apresentavam falha de 30,2%.
Interessantemente, o estudo também mostrou que reparos no menisco lateral têm maior chance de sucesso quando comparados aos reparos no menisco medial.
Complicações Possíveis Após a Cirurgia de Menisco
Embora os dados mostrem que a cirurgia de menisco é considerada segura, é importante conhecer as possíveis complicações:
- Trombose Venosa Profunda (TVP): Segundo dados do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), 4,7% dos pacientes submetidos a cirurgias de joelho podem desenvolver trombose. Para minimizar esse risco, são utilizados anticoagulantes, meias elásticas e protocolos de mobilização precoce.
- Infecção: A taxa de infecção varia de 0,009% a 0,4%, sendo ainda menor em procedimentos artroscópicos. Protocolos rigorosos de antibioticoprofilaxia, como o uso de cefazolina 60 a 120 minutos antes da cirurgia, são implementados para reduzir esse risco.
- Lesões nervosas ou vasculares: Embora raras, podem ocorrer durante o procedimento, principalmente na sutura meniscal. A alteração de sensibilidade na parte frontal da perna é uma das complicações mais frequentes, podendo afetar até 85% dos casos segundo alguns estudos, porém, geralmente é temporária.
- Rigidez articular: Para evitar esse problema, são realizados exercícios de mobilização precoce e fisioterapia intensiva.
Fatores que Influenciam o Risco Cirúrgico
Certos fatores podem aumentar o risco de complicações durante e após a cirurgia de menisco:
- Idade: Pacientes mais velhos têm maior risco de complicações (aumento de 24,7% por década de vida).
- Comorbidades: Condições pré-existentes como diabetes e problemas cardíacos aumentam significativamente o risco cirúrgico.
- Gênero: Curiosamente, mulheres apresentam menor risco de complicações graves (36% menor que homens).
- Tipo de procedimento: Reparos meniscais têm ligeiramente mais complicações (1,2%) quando comparados a meniscectomias (0,82%).
Protocolos de Segurança e Prevenção
Os médicos ortopedistas implementam diversos protocolos para garantir a segurança do paciente:
- Profilaxia antitrombótica: Uso de anticoagulantes como enoxaparina 40mg ou heparina, além de métodos mecânicos como meias elásticas e compressão pneumática intermitente.
- Antibioticoprofilaxia: Administração de antibióticos antes da cirurgia, geralmente cefazolina, com dosagem apropriada para o peso do paciente.
- Técnicas minimamente invasivas: Preferência por artroscopia, que reduz o trauma cirúrgico e acelera a recuperação.
- Avaliação pré-operatória criteriosa: Identificação de fatores de risco e otimização das condições clínicas do paciente antes da cirurgia.
- Inovações tecnológicas: Utilização de tecnologias avançadas como realidade aumentada, que já está sendo implementada no Brasil, permitindo maior precisão e segurança durante o procedimento.
Recuperação Pós-Operatória
A recuperação após a cirurgia de menisco varia conforme o procedimento realizado:
- Meniscectomia parcial: Recuperação em aproximadamente 6 semanas, com retorno às atividades leves nas primeiras semanas.
- Reparo meniscal: Recuperação mais longa, podendo chegar a 3 meses, com uso de muletas por 2 a 4 semanas e restrições de carga no membro operado.
No pós-operatório imediato, recomenda-se:
- Uso de muletas por 1-2 semanas
- Aplicação de gelo para reduzir dor e inflamação
- Elevação do membro operado
- Exercícios de mobilização passiva e isométricos desde o primeiro dia
- Fisioterapia progressiva para recuperação da força e função do joelho
Alternativas à Cirurgia
Estudos recentes questionam a necessidade de cirurgia em todos os casos de lesão meniscal.
Uma pesquisa realizada na Universidade de Helsinki, na Finlândia, sugere que em alguns pacientes, especialmente aqueles de meia-idade com lesões degenerativas, a fisioterapia pode ser tão eficaz quanto a cirurgia.
Conclusão
Ao analisarmos os dados científicos disponíveis, podemos concluir que a cirurgia de menisco não é particularmente perigosa quando realizada por cirurgiões ortopédicos qualificados e seguindo os protocolos de segurança adequados.
As taxas de complicações sérias são relativamente baixas (menos de 0,5%) e os avanços nas técnicas cirúrgicas continuam a melhorar os resultados.
Mesmo assim, como todo procedimento cirúrgico, existem riscos que devem ser cuidadosamente avaliados caso a caso, considerando fatores como idade, comorbidades e tipo de lesão.
A comunicação aberta entre médico e paciente sobre expectativas, riscos e benefícios é fundamental para uma decisão informada sobre o tratamento mais adequado para cada situação.
Para pacientes que precisam passar por esse procedimento, é reconfortante saber que os protocolos de segurança e as técnicas modernas tornaram a cirurgia de menisco um procedimento com alto índice de sucesso e baixa taxa de complicações graves.
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