É comum que os pacientes confundam contusão com deslocamento do ombro, mas são situações completamente distintas que precisam ser entendidas para o socorro adequado. A contusão é uma pancada ou tombo que machuca os tecidos e até músculos, mas não causa dano ósseo. A região atingida fica dolorida, inchada e roxa, mas geralmente afeta só os tecidos superficiais.
A luxação (ou deslocamento do ombro) é uma lesão potencialmente grave, considerada até como uma urgência ortopédica, caracterizada pela perda da continuidade articular, quando a junta “sai do lugar” fazendo os ossos perderem contato entre si, causando dor intensa e impossibilitando movimentos.
O tipo mais comum de luxação é após pancada no ombro (trauma), quando ocorre ruptura de estruturas importantes para a estabilização do ombro, como no lábio inferior da glenóide (chamada Lesão de Bankart). Isso diminui a cobertura da articulação e cria um ponto de fragilidade que, no movimento de rotação lateral, pode provocar um novo episódio de luxação.
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Deslocamento do ombro: posso tentar colocar o ombro no lugar?
Jamais. O reposicionamento do ombro deve ser feito apenas por profissionais habilitados devido ao risco de interposição de nervos, vasos ou até mesmo de fratura do úmero durante uma manobra feita de forma errada. Existem várias técnicas para esse reposicionamento, mas devem ser aplicadas apenas por pessoas capacitadas.
Na luxação aguda (primeiro episódio), é necessário proteger o ombro utilizando uma tipóia e realizar medidas para o alívio da dor, como gelo, analgésicos e anti-inflamatórios, sempre sob orientação médica. Exames de imagem devem ser realizados para avaliações precisar e, para reposicionamento da articulação, é necessária sedação anestésica por causa da dor intensa.
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Meu ombro voltará a se deslocar?
Pessoas com menos de 20 anos que luxam o ombro pela primeira vez após um trauma têm cerca de 90% de chance de novo deslocamento do ombro. Após o segundo episódio, o risco é de aproximadamente 100%. Por essa razão, após dois episódios de luxação indica-se cirurgia que reduz o risco de recidiva para menos de 5%.
Com o tempo e os episódios reincidentes da luxação, o paciente pode sofrer com uma limitação funcional importante para realizar suas atividades diárias em diferentes graus. Em alguns casos, ele pode chegar a não ser capaz de executar atividades simples como alcançar um objeto no banco traseiro do carro ou colocar o cinto de segurança.
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Qual a cirurgia indicada e o tempo de recuperação?
A cirurgia deve ser indicada por médico habilitado em cirurgia de ombro e cotovelo e realizada preferencialmente por via artroscópica, uma vez que esta técnica implica em mínima invasão, promovendo retorno precoce às atividades. Caso opte pelo tratamento cirúrgico, o paciente poderá retornar ao trabalho em aproximadamente dois meses, com algumas restrições. As atividades esportivas podem ser retomadas em quatro meses em nível leve e após o sexto mês em nível competitivo.