Sentir que a patela saiu do lugar e voltou é uma experiência assustadora e, infelizmente, mais comum do que se imagina, especialmente entre pessoas ativas e praticantes de esportes.
Quando isso acontece, muitas dúvidas surgem: por que a patela desloca e retorna sozinha? Quais são os riscos desse movimento? É preciso procurar um médico mesmo que a dor passe rapidamente?
Neste artigo, você vai entender em detalhes o que significa quando a patela saiu do lugar e voltou, os fatores que levam a esse problema, quais são os sintomas, como é feito o diagnóstico e quais os tratamentos mais indicados segundo as pesquisas mais recentes no Brasil e no exterior.
Também abordaremos a importância de buscar avaliação médica para garantir uma recuperação adequada e prevenir complicações futuras.
Anatomia do joelho: entendendo por que a patela saiu do lugar e voltou
A patela é um osso sesamoide (pequeno osso embutido em um tendão) que se move em um sulco na parte frontal do fêmur, chamado tróclea femoral.
Ela está conectada ao fêmur através do ligamento patelofemoral medial e ao músculo quadríceps por cima e ao tendão patelar por baixo, que se insere na tuberosidade da tíbia.
Quando a patela sai do lugar e volta, geralmente ocorre um deslocamento lateral, ou seja, para a parte externa do joelho. Isso acontece porque as forças que empurram a patela para fora (vetor de valgização) superam as forças que a mantêm estabilizada no centro do joelho.
O mecanismo principal de luxação aguda da patela é a flexão do joelho com rotação interna do corpo com o pé fixado. Existe também um componente de abertura da região interna do joelho, chamado de componente em valgo.
Na maioria das vezes, a pessoa está realizando um movimento de frenagem, como ao descer ladeiras, driblar no futebol ou na aterrissagem de danças como o ballet.
A importância da avaliação médica quando a patela sai da posição e volta
Quando sentimos que a patela saiu do lugar e voltou, é natural subestimar a gravidade do problema, especialmente se o deslocamento foi momentâneo.
Estudos científicos mostram que este não é um evento para ser ignorado. De acordo com pesquisas recentes, após o primeiro episódio de luxação patelar (nome técnico para o deslocamento da patela), entre 44% e 70% dos pacientes sofrerão novos episódios se não receberem tratamento adequado.
O deslocamento, mesmo que breve, pode causar danos significativos às estruturas estabilizadoras do joelho, como o ligamento patelofemoral medial, que é frequentemente rompido durante o primeiro episódio de luxação.
Pode haver lesões na cartilagem articular que, se não tratadas adequadamente, evoluem para problemas crônicos como a artrose precoce.
Um estudo publicado na Revista Brasileira de Ortopedia demonstrou que o tratamento precoce e adequado pode reduzir significativamente a taxa de recorrência e melhorar os resultados funcionais em longo prazo.
Por isso, mesmo que a patela tenha voltado sozinha ao lugar, é fundamental consultar médicos com foco em recuperação de deslocamento patelar para uma avaliação completa, de maneira a obter um diagnóstico preciso e um plano de tratamento personalizado.
Sintomas quando a patela sai do lugar e volta
Os sintomas do deslocamento patelar variam conforme a gravidade do caso:
- Dor aguda e intensa no joelho.
- Inchaço e sensibilidade na área afetada (derrame articular).
- Dificuldade em mover o joelho ou suportar o peso corporal.
- Sensação de instabilidade, como se o joelho estivesse “saindo do lugar”.
- Um estalido audível seguido de incapacidade de locomoção própria.
- Aparecimento de hematomas na região.
- Joelho com aparência deformada durante o episódio.
- Bloqueio articular, impedindo a flexão completa do joelho.
Em casos mais dramáticos, a patela fica visivelmente deslocada para o lado externo do joelho e não retorna sozinha, necessitando de manobra de redução por um profissional médico.
Já em situações mais amenas, a patela sai e volta para o lugar rapidamente, sendo percebida apenas como uma sensação momentânea de instabilidade.
Fatores de risco para o deslocamento patelar
Existem diversos fatores que aumentam a probabilidade da patela sair do lugar. Estudos epidemiológicos mostram que cerca de dois terços dos casos ocorrem em pacientes jovens e ativos com menos de 20 anos de idade, sendo mais comum entre mulheres.
Entre os principais fatores predisponentes, destacamos:
- Má formação (displasia) da patela ou da tróclea femoral.
- Joelho em valgo (em “X”).
- Patela alta (posição mais elevada da patela devido ao tendão patelar mais comprido).
- Hiperfrouxidão ligamentar.
- Fraqueza muscular dos membros inferiores, especialmente do quadríceps.
- Aumento do ângulo Q do joelho (ângulo entre a musculatura do quadríceps e o tendão patelar).
- Alterações rotacionais do fêmur e da perna.
Pesquisas indicam que 61% dos deslocamentos ocorrem durante eventos esportivos e 9% durante a dança.
Esportes como ginástica, futebol, basquete e atividades que envolvem movimentos bruscos apresentam maior risco.
Diagnóstico
O diagnóstico começa com uma história clínica detalhada e exame físico. O ortopedista avaliará a estabilidade da patela, o alinhamento do joelho e a presença de outros fatores predisponentes.
Exames complementares são fundamentais para um diagnóstico preciso:
- Radiografias: permitem avaliar o alinhamento e morfologia óssea.
- Ressonância magnética: identifica lesões ligamentares, como a ruptura do ligamento patelofemoral medial, e possíveis fragmentos osteocondrais.
- Tomografia computadorizada: auxilia na avaliação precisa da morfologia da tróclea femoral e posição da patela.
A tomografia computadorizada também é importante para avaliar o Índice GT-TA, que mede a posição da patela em relação à tíbia, informação relevante para o planejamento cirúrgico quando necessário.
Tratamentos para quando a patela sai do lugar e volta
O tratamento varia conforme a gravidade e frequência dos episódios:
Tratamento Conservador
Para o primeiro episódio sem fratura osteocondral, há 99% de consenso entre especialistas para o tratamento conservador, que inclui:
- Imobilização inicial com imobilizador de joelho ou órtese estabilizadora por 1 a 4 semanas.
- Uso de crioterapia, medicamentos para dor e anti-inflamatórios.
- Fisioterapia iniciando após a resolução dos sintomas agudos, com foco no fortalecimento muscular, especialmente do quadríceps e dos músculos do quadril.
- Exercícios de propriocepção e equilíbrio.
- Retorno gradual às atividades, com uso de órtese estabilizadora durante atividades esportivas por 2 a 6 meses.
Tratamento Cirúrgico
A abordagem cirúrgica é recomendada em situações específicas:
- Episódios de subluxação persistentes após 6 meses de tratamento conservador (84% de consenso).
- Após segundo episódio de luxação (95% de consenso).
- Presença de fragmentos osteocondrais que necessitam de fixação.
Um estudo prospectivo randomizado publicado na revista brasileira de ortopedia demonstrou que a reconstrução do ligamento patelofemoral medial produziu melhores resultados, com menor taxa de recorrência após um seguimento mínimo de dois anos.
Conclusão
Entender por que a patela saiu do lugar e voltou é fundamental para adotar medidas preventivas e buscar o tratamento adequado.
A luxação patelar não é apenas um incidente isolado, mas frequentemente indica problemas estruturais ou biomecânicos que precisam ser abordados por um especialista.
Com o avanço nas técnicas de diagnóstico e tratamento, a maioria das pessoas que sofrem com esta condição pode retornar às suas atividades normais e prevenir complicações futuras, desde que sigam as recomendações médicas e o programa de reabilitação adequadamente.
Se você já experimentou a sensação de que sua patela saiu do lugar e voltou, não subestime o problema – consulte um ortopedista para avaliação e orientação personalizada.
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